O Brasil destaca-se na
produção mundial de OE, mas sofre de problemas
crônicos como falta de manutenção do padrão de qualidade dos óleos, representatividade
nacional e baixos investimentos governamentais
no setor, que levam ao quadro estacionário observado.
Recentemente, foi fundada a
ABRAPOE (Associação Brasileira de Produtores de Óleos Essenciais) que busca,
entre outras metas, colaborar na aproximação entre os produtores e os centros
de pesquisa nacionais para agregar
qualidade aos óleos através de pesquisa e estudos de padronização, fornecer dados
atualizados de mercado e representar a área frente aos órgãos e programas
governamentais. Entre as indústrias produtoras de OE no Brasil, podemos citar a
Raros, que segundo seu Diretor Geral, Sergio Costa Gomes Neto, produz e
beneficia óleos essenciais. Os principais OE produzidos pela empresa são
vetiver (24 t/ano), patchouli (12 t/ano), lemongrass (4 t/ano), palma-rosa (4
t/ano), tendo começado a produzir OE de gerânio egípcio (1 t/ano) em 2008.
Estes óleos são beneficiados e toda a sua produção é exportada.
A história da pesquisa de OE no
Brasil remonta aos trabalhos de Theodor Peckolt, farmacêutico originário da
Silésia alemã (atual Polônia), que chegou ao Brasil em 1847. Estudou e publicou
vasta literatura sobre a flora brasileira (cerca de 170 trabalhos), a maioria
em periódicos alemães, incluindo dados sobre rendimento e composição de óleos
essenciais.
As frutas cítricas são as mais
cultivadas no mundo, sendo a laranja a principal delas. A produção de laranjas
e a industrialização do suco estão concentradas em quatro países, sendo o
Brasil o primeiro deles, respondendo por um terço da produção mundial da fruta
e quase 50% do suco fabricado. Aproximadamente 70% é processado e 30% vai para
o consumo interno. O OE de laranja, extraído do pericarpo do fruto, é um
subproduto da indústria do suco. Derivados de OE de laranja são usados em
perfumaria, sabonetes e na área farmacêutica em geral, além de materiais de
limpeza, em balas e bebidas. O rendimento máximo de extração de óleos cítricos
é de 0,4%, ou seja, para cada tonelada de fruta processada são obtidos 4 kg de
óleo.
O Brasil é o único fornecedor
de OE de pau-rosa no mundo. Da espécie Aniba
roseaodora var amazonica Ducke
extrai-se o óleo da madeira por arraste a vapor, rico em linalol. A história
deste óleo confunde-se com a exploração indiscriminada das espécies florestais da
Amazônia. Foi o primeiro OE extraído em larga escala e exportado pelo Brasil.
Sua exploração começou em 1925, inicialmente no Pará e depois no Amazonas. Em
1927, a produção nacional atingiu 200 t, não havendo mercado para absorver o
volume produzido. A preocupação com a exploração predatória já era manifestada
em 1933, apenas alguns anos após o início da extração do óleo. Decretos
governamentais estabelecendo limites de produção e reflorestamento foram
emitidos e grosseiramente ignorados. O pico de produção ocorreu nos anos 60, quando
cerca de 500 t anuais eram exportadas. Estas foram progressivamente reduzidas
com a entrada no mercado do linalol sintético, do óleo essencial das folhas de
Ho (Cinnamomum camphora), rico em linalol,
e da própria escassez do pau-rosa, que obrigou os produtores a penetrar cada
vez mais fundo na floresta para obter a matéria-prima, com o consequente
aumento do custo de produção.