quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Óleos essenciais no Brasil

   O Brasil destaca-se na produção mundial de OE, mas sofre de  problemas crônicos como falta de manutenção do padrão de qualidade dos óleos, representatividade nacional e baixos investimentos  governamentais no setor, que levam ao quadro estacionário observado.
    Recentemente, foi fundada a ABRAPOE (Associação Brasileira de Produtores de Óleos Essenciais) que busca, entre outras metas, colaborar na aproximação entre os produtores e os centros de pesquisa  nacionais para agregar qualidade aos óleos através de pesquisa e estudos de padronização, fornecer dados atualizados de mercado e representar a área frente aos órgãos e programas governamentais. Entre as indústrias produtoras de OE no Brasil, podemos citar a Raros, que segundo seu Diretor Geral, Sergio Costa Gomes Neto, produz e beneficia óleos essenciais. Os principais OE produzidos pela empresa são vetiver (24 t/ano), patchouli (12 t/ano), lemongrass (4 t/ano), palma-rosa (4 t/ano), tendo começado a produzir OE de gerânio egípcio (1 t/ano) em 2008. Estes óleos são beneficiados e toda a sua produção é exportada.
   A história da pesquisa de OE no Brasil remonta aos trabalhos de Theodor Peckolt, farmacêutico originário da Silésia alemã (atual Polônia), que chegou ao Brasil em 1847. Estudou e publicou vasta literatura sobre a flora brasileira (cerca de 170 trabalhos), a maioria em periódicos alemães, incluindo dados sobre rendimento e composição de óleos essenciais.
  As frutas cítricas são as mais cultivadas no mundo, sendo a laranja a principal delas. A produção de laranjas e a industrialização do suco estão concentradas em quatro países, sendo o Brasil o primeiro deles, respondendo por um terço da produção mundial da fruta e quase 50% do suco fabricado. Aproximadamente 70% é processado e 30% vai para o consumo interno. O OE de laranja, extraído do pericarpo do fruto, é um subproduto da indústria do suco. Derivados de OE de laranja são usados em perfumaria, sabonetes e na área farmacêutica em geral, além de materiais de limpeza, em balas e bebidas. O rendimento máximo de extração de óleos cítricos é de 0,4%, ou seja, para cada tonelada de fruta processada são obtidos 4 kg de óleo.
   O Brasil é o único fornecedor de OE de pau-rosa no mundo. Da espécie Aniba roseaodora var amazonica Ducke extrai-se o óleo da madeira por arraste a vapor, rico em linalol. A história deste óleo confunde-se com a exploração indiscriminada das espécies florestais da Amazônia. Foi o primeiro OE extraído em larga escala e exportado pelo Brasil. Sua exploração começou em 1925, inicialmente no Pará e depois no Amazonas. Em 1927, a produção nacional atingiu 200 t, não havendo mercado para absorver o volume produzido. A preocupação com a exploração predatória já era manifestada em 1933, apenas alguns anos após o início da extração do óleo. Decretos governamentais estabelecendo limites de produção e reflorestamento foram emitidos e grosseiramente ignorados. O pico de produção ocorreu nos anos 60, quando cerca de 500 t anuais eram exportadas. Estas foram progressivamente reduzidas com a entrada no mercado do linalol sintético, do óleo essencial das folhas de Ho (Cinnamomum camphora), rico em linalol, e da própria escassez do pau-rosa, que obrigou os produtores a penetrar cada vez mais fundo na floresta para obter a matéria-prima, com o consequente aumento do custo de produção.

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